terça-feira, dezembro 05, 2006

Distinções (Ou - A volta pós TCC...)

Parece que certas pessoas não conseguem entender conceitos bem simples; então vamos deixar claro: existe música brega e existe música ruim. Apesar dos apesares, música brega é parte da cultura do país, e bem divertida (divertida, assim, como os filmes do Chuck Norris quando você era moleque, lembra?). Música ruim é ruim, ponto (percebam a capacidade de síntese; ah, Bauhaus...). Mas parece que tem gente que faz merda e acha que é artista brega. Não vou falar sobre as regras do brega, vou apenas deixar uma letra do Raulzito para lembrar que se é pra fazer brega faz direito, cacete!


Tu és o MDC da Minha Vida
Raul Seixas

Composição: Raul Seixas - Paulo Coelho

Tú és o grande amor da minha vida,
pois você é minha querida, e por você eu sinto calor.
Aquele seu chaveiro escrito "love",
ainda hoje me comove me causando imensa dor.
Eu me lembro, do dia em que você entrou num bode,
quebrou minha vitrola e minha coleção de Pink Floyd.
Eu sei, que eu não vou ficar aqui sozinho,
pois eu sei que existe um careta, um careta em meu caminho...
Nada me interessa nesse instante,
nem o Flávio Cavalcanti que ao teu lado eu curtia na TV...
Nessa sala hoje eu peço arrego, não tenho paz,
nem tenho sossego, hoje eu vivo somente a sofrer...
E até , até o filme que eu vejo em cartaz,
conta nossa história e por isso eu sofro muito mais...
Eu sei que dia a dia aumenta o meu desejo,
e não tem Pepsi-cola que sacie a delícia dos teus beijos...
Quando eu me declarava você ria,
e no auge da minha agonia, eu citava Shakespeare...
Não posso sentir cheiro de lasanha,
me lembro logo das casas da banha onde íamos nos divertir...
Mas hoje , o meu Sansui-Garrat-Gradiente
só toca mesmo embalo quente pra lembrar do teu calor...
Então eu vou ter com a moçada lá do Pier,
mas pra eles é careta se alguém, se alguém fala de amor...
Na Faculdade de Agronomia,
numa aula de energia, bem em frente ao professor...
Eu tive um chilique desgraçado,
eu vi você surgindo ao meu lado no caderno do colega Nestor...
É por isso, é por isso que agora em diante
pelos 5 mil auto-falantes eu vou mandar berrar o dia inteiro,
que você é o meu máximo denominador comum

segunda-feira, agosto 28, 2006

Sobre honra e a falta dela


No dia 29/ago/1553 morria o último dos reis incas , de fato, o líder ATAHUALPA. Chegou com seu exército de 80.000 homens e foi vencido por Pizarro à traição. Desde o princípio, a invasão branca das Américas foi banhada em sangue, sobre bases podres de cobiça, intolerância e traição.

E com estas, fêz-se o novo mundo, um mundo no qual os "interesses" das multinacionais eram mais importantes que as do povo, e estas mandavam guerras, "libertadores" e ditadores. Desde que conseguissem o que queriam. Assim a América se fez.

Melhor seria não ter sido.

domingo, agosto 27, 2006

De coisas comuns

A árvore da liberdade deve ser regada de tempos em tempos com o sangue dos patriotas...
Thomas Jefferson, 1787

Nos turbulentos tempos que se seguem (turbulentos mesmo, das invasões ao Líbano aos ataques do PCC), freqüentemente penso na frase acima, uma potente frase de um dos grandes heróis dos estadunidenses. Esta frase é de certo modo ambígua, e o entendimento mais comum para ela que eu tenho visto é a idéia de que os cidadãos de um país, para cumprir seu dever, devem combater qualquer ameaça ao maior de seus direitos inalienáveis: o de liberdade.

Embora esta interpretação tenha seu valor, eu penso de outro modo. Creio que na verdade, Thomas Jefferson percebeu um ponto importante da história da humanidade, que é justamente o fato de que a liberdade é uma coisa fugidia e, diferentemente do que pensamos, que o conceito de que ela sempre foi nosso direito é bem mais nebuloso do que pensamos. Pela história da humanidade sempre houve grupos de pessoas que coibiram a liberdade de outrem por n motivos, mas em geral todos com o mesmo pano de fundo: a incapacidade que o grupo subjugado tem de gerir a si próprio. É como na lei brasileira de hoje, que diz que apenas na maioridade legal você se torna capaz de tomar decisões. Antes disso ou você é incapaz, ou parcialmente capaz de tomar decisões sendo assistido por alguém que seja responsável por você. É claro que na verdade o que os “responsáveis” por outros grupos querem é uma forma de poder, diferente (mas não muito) de seu pai e sua mãe.

Como este conceito de incapacidade se arrastou da Suméria até a hoje, passando pela questão do fardo da civilização até as ditaduras, pergunto na verdade o quanto do conceito de liberdade como direito inalienável está correto. Parece-me mais que a liberdade é uma conquista estratégica, e sendo estratégica sempre deve ser vigiada pois constantemente será contestada. Logo, vejo a mensagem da primeira frase escrita aqui como sendo dirigida mais a quem falta a liberdade do que a quem já a tem. Mas, em termos gerais seria: Povo, prepare-se! Serão necessários muitos para conseguir tão pouco, e sempre haverá alguém espreitando para tolher o que foi conquistado. Se quiserem ter, manter ou reconquistar este estado transitório novamente, a questão é preparar-se para o quando e o como...

domingo, maio 28, 2006

VIVA JACQUES, O SIMPLES!!!!!!!!!

Para quem não lembra, oficialmente o dia 28 de maio é conhecido como o começo da Jacquerie, a revolução que levou camponeses franceses miseráveis a pegar em armas para defender-se de uma elite sanguessuga que os explorava até que mais nada sobrasse.

Ainda bem que este tempo vai longe...

sexta-feira, maio 26, 2006

BREGA PARA TODOS!!!! (1)

Qual não foi a minha surpresa quando meus diletos colegas de trabalho vieram me execrar devido ao meu comentário no escrito anterior, de autoria de Cajamar.... Chamando-me de sectarista, elitista, e não sei mais o quê. Encheram-me tanto que eis aqui minha resposta: para provar que respeito a cultura popular deste país (aham...) criei esta coluna dentro do Blog, onde farei uma análise dos poemas que compõem cada uma destas canções que ficaram conhecida por programas como o do Faustão e afins.... Começemos, pois:

PRINCESA - SÉCULOS DE ROMANTISMO NA VOZ DE AMADO BATISTA.

Creio que praticamente qualquer pessoa já ouviu esta música, e com certeza ficou durante algum tempo pensando em quem havia escrito esta... pérola. Mas poucos percebem e se emocionam com a capacidade que seu autor teve de compilar conceitos românticos de uma maneira única, de forma a criar um conceito forte e universal. Eis sua letra:

PRINCESA

Ao te ver pela primeira vez Eu tremi todo /Uma coisa tomou conta/Do meu coração
Percebam que o autor aqui demonstra as primeiras idéias românticas de qualquer escrito. O homem, levado pelo destino encontra o ser de seus sonhos, a realização da pessoa amada (afinal, podemos claramente perceber a comoção que o rapaz passa ao encontrá-la, num efeito quase Alencariano).

Com esse olhar meigo de menina/Me fez nascer no peito, esta paixão
Eis então que aparace a característica principal da heroína romântica: sua fragilidade, sua castidade e decoro, todos resumidos em apenas uma única frase

E agora não durmo direito/Pensando em você/Lembrando os seus olhos bonitos/Perdidos nos meus/
O herói então sofre pelo seu amor, por não poder contê-lo. A coita amorosa instala-se, junto com o laconismo típico do mal do século. Pobre rapaz...

Que vontade louca que eu tenho/De tê-la comigo/Calar sua boca bonita/Com um beijo meu
Percebam que o próprio homem confessa-se enlouquecendo, imaginando a relação com seu amor entre o lúdico e o profano. É uma dúvida, uma confusão que inclusive consta dos poemas de Camões.

Princesa, a deusa da minha poesia/Ternura da minha alegria/Nos meus sonhos quero te ver/
Eis o ponto alto que qualquer música ou poema: o refrão. E neste caso o autor capricha: começa com o endeusamento da amada, típico da primeira fase do romantismo brasileiro. Invoca-a, quase uma tágide, como a pedir forças pelo que há de vir...

Princesa, a musa dos meus pensamentos/Enfrento a chuva o mau tempo/Pra poder um pouco te ver.
E finalmente o rapaz introjeta o herói; mas não apenas um herói romântico como qualquer outro, porém a vanguarda do romantismo: o eu-lírico Trovadorista. Tal qual um cantar d`amor, ou ainda uma cantiga de gesta (seria do ciclo teutônico ou carolingio????), o herói invoca a si esta encarnação de um ideal maior para passar as provações que lhe são impostas e conseguir o seu intento, totalmente trovadoresco (e sem conotação sexual): o de ver a amada. É quase um Dom Diniz....

Uma obra única, sem dúvida. E semana que vem teremos: A Releitura Ultramoderna de Lucíola por Odaír José na obra "Eu Vou Tirar Você Deste Lugar".


PS: É, eu sei... sei mesmo... ô raça....

quinta-feira, maio 25, 2006

AVISO AOS LEITORES

Solicitamos a todos os usuários que façam comentários referentes a uma determinada postagem na própria postagem. Infelizmente não conseguiremos entender todos os comentários de forma a colocá-los em seus devidos posts.


Falamos com você, Junir.

quarta-feira, maio 24, 2006

... é mera coincidência! (1)

Ele cambaleia, tonto. Só acordará ao sair de casa, o vento gelado batendo-lhe nas faces. Toma um banho, se arruma. Toma o café “negro como a noite e quente como o inferno”, junto com um pão-com-manteiga. Pede à mãe mais uma canoa. “humpf!” é a resposta.

Olha para o relógio e quase cospe o café. “Merda!” pensa consigo mesmo – “Perdi a hora de novo. Bosta...”. Levanta-se apressado; o beijo a mãe pega no ar, murmurando ao mesmo um “vai com Deus!”. No ponto a massa se aglomera. Passa um ônibus que mal fecha as portas. Ainda assim alguns forçam a subida. Resolve esperar outro.

O próximo passa tão lotado que têm gente na porta. “Será que eu tomei a vacina de febre aftosa?” – pensa cínico. Afinal, é o que alguém no departamento de transportes acha que somos. Gado, pura e simplesmente. Finalmente pega o terceiro ônibus, “atrapalhando” junto da catraca. Melhor que um coitado que sem ter onde ficar esperou no corredor e quase foi acusado de assédio quando uma senhora rotunda não conseguiu passar. Descendo no ponto final, ele se apressa em entrar no trem. Resolve pegar em sentido contrário, para poder ir sentado. Consegue, não sem dificuldades o lugar que merecia. Duas estações (e uma centena de pessoas) depois, uma senhora de bengala se aproxima de seu lugar. Ele olha para os assentos reservados. Todos fingem estar dormindo! Praguejando baixinho cede o lugar, e descobre que por mais que parecesse impossível entra mais gente no trem.

Começa a imaginar como uma sardinha se sente. Ou se sentiria; afinal estão mortas, há para elas ainda o sustentáculo do amor-próprio. Já para nós... Bem somos como sardinhas “Coqueiro, por favor! Se sou uma sardinha pelo menos sou uma de marca” – lembra-se de ouvir um amigo dizer. “Maldito!” – diz baixinho, com um sorriso no rosto, e imediatamente três homens próximos olham para ele, de cara fechada. Ele baixa os olhos envergonhados.

Finalmente chega, três estações depois. Ao pôr o pé pra fora, pisa em algo que algum bêbado deixou; nem pragueja, afinal ainda há chances de chegar no horário. Correndo, quase sendo atropelado, ele miraculosamente bate o ponto um minuto antes. Na sua baia espera seu chefe, de cara fechada, a baia parecendo mesmo o que o nome supõe, especialmente com aquele ser bovino ali. “Ah!, bom o senhor ter chegado!” – diz com a cara mais cínica, como se ele estivesse atrasado. “Vem comigo, que tem umas demandas pra você me entregar até as dez!”.

Ele suspira e o acompanha. Vai ser um longo dia...

segunda-feira, maio 22, 2006

Primeiras Injúrias

Ééééé... aconteceu, por fim. A caixa de Pandora foi aberta e agora ninguém segura este país...
E aqui estamos, eu e Cajaman dispostos estratégicamente para mostrar, da forma mais nua e crua, todos os pontos, podres, situações enfim que nos fazem dizer: ÔH RAÇA!!!!
Bem vindos e que soltem os leões!

ÔH RAÇA: trabalhando nas horas livres pelo lado negro da força....