sexta-feira, maio 26, 2006

BREGA PARA TODOS!!!! (1)

Qual não foi a minha surpresa quando meus diletos colegas de trabalho vieram me execrar devido ao meu comentário no escrito anterior, de autoria de Cajamar.... Chamando-me de sectarista, elitista, e não sei mais o quê. Encheram-me tanto que eis aqui minha resposta: para provar que respeito a cultura popular deste país (aham...) criei esta coluna dentro do Blog, onde farei uma análise dos poemas que compõem cada uma destas canções que ficaram conhecida por programas como o do Faustão e afins.... Começemos, pois:

PRINCESA - SÉCULOS DE ROMANTISMO NA VOZ DE AMADO BATISTA.

Creio que praticamente qualquer pessoa já ouviu esta música, e com certeza ficou durante algum tempo pensando em quem havia escrito esta... pérola. Mas poucos percebem e se emocionam com a capacidade que seu autor teve de compilar conceitos românticos de uma maneira única, de forma a criar um conceito forte e universal. Eis sua letra:

PRINCESA

Ao te ver pela primeira vez Eu tremi todo /Uma coisa tomou conta/Do meu coração
Percebam que o autor aqui demonstra as primeiras idéias românticas de qualquer escrito. O homem, levado pelo destino encontra o ser de seus sonhos, a realização da pessoa amada (afinal, podemos claramente perceber a comoção que o rapaz passa ao encontrá-la, num efeito quase Alencariano).

Com esse olhar meigo de menina/Me fez nascer no peito, esta paixão
Eis então que aparace a característica principal da heroína romântica: sua fragilidade, sua castidade e decoro, todos resumidos em apenas uma única frase

E agora não durmo direito/Pensando em você/Lembrando os seus olhos bonitos/Perdidos nos meus/
O herói então sofre pelo seu amor, por não poder contê-lo. A coita amorosa instala-se, junto com o laconismo típico do mal do século. Pobre rapaz...

Que vontade louca que eu tenho/De tê-la comigo/Calar sua boca bonita/Com um beijo meu
Percebam que o próprio homem confessa-se enlouquecendo, imaginando a relação com seu amor entre o lúdico e o profano. É uma dúvida, uma confusão que inclusive consta dos poemas de Camões.

Princesa, a deusa da minha poesia/Ternura da minha alegria/Nos meus sonhos quero te ver/
Eis o ponto alto que qualquer música ou poema: o refrão. E neste caso o autor capricha: começa com o endeusamento da amada, típico da primeira fase do romantismo brasileiro. Invoca-a, quase uma tágide, como a pedir forças pelo que há de vir...

Princesa, a musa dos meus pensamentos/Enfrento a chuva o mau tempo/Pra poder um pouco te ver.
E finalmente o rapaz introjeta o herói; mas não apenas um herói romântico como qualquer outro, porém a vanguarda do romantismo: o eu-lírico Trovadorista. Tal qual um cantar d`amor, ou ainda uma cantiga de gesta (seria do ciclo teutônico ou carolingio????), o herói invoca a si esta encarnação de um ideal maior para passar as provações que lhe são impostas e conseguir o seu intento, totalmente trovadoresco (e sem conotação sexual): o de ver a amada. É quase um Dom Diniz....

Uma obra única, sem dúvida. E semana que vem teremos: A Releitura Ultramoderna de Lucíola por Odaír José na obra "Eu Vou Tirar Você Deste Lugar".


PS: É, eu sei... sei mesmo... ô raça....